Preditores de Problemas de Comportamento Externalizantes e Internalizantes: um estudo com mães e pais biológicos
Preditors of Externalizing and Internalizing Behavior Problems: a study with biological mothers and fathers
DOI: 10.24933/e-usf.v9i1.433
v.9 n.1 (2025)
Jessica Aline Rovaris1; Anne Marie Fountaine2; Susana Coimbra3; Alessandra Turini Bolsoni-Silva4.
1Doutora em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, Psicóloga Escolar e Educacional na Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia de Hortolândia-SP; 2Professora Emérita na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal; 3Professora Doutora na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal; 4Professora Doutora do Curso de Psicologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Bauru-SP.
jessica.rovaris@gmail.com
RESUMO. Os problemas de comportamento infantil são multideterminados. Contudo, ainda são escassos os estudos que buscaram investigar, simultaneamente, a influência das variáveis mais relatadas na literatura sobre o surgimento e a manutenção dos problemas externalizantes e internalizantes. Ainda, são poucos os estudos que procuraram diferenciar a perspectiva materna e paterna em estudos de predição. Tal investigação é relevante dado a alta incidência de problemas de comportamento e sua interferência no desenvolvimento e saúde infantil. O objetivo deste estudo foi o de comparar percepções parentais sobre os próprios comportamentos e sobre os comportamentos de suas filhas e filhos e, após, identificar preditores de problemas internalizantes e externalizantes, segundo ambos genitores. Participaram 71 casais heterossexuais, pais biológicos de crianças matriculadas no ensino infantil ou fundamental. Foram respondidos aos instrumentos CBCL, RE-HSE-P e QRSH. Para o tratamento e análise dos dados utilizou-se os testes T de Student para amostras emparelhadas e Regressão Linear Hierárquica. Os resultados demonstraram que o nível socioeconômico mais baixo e as práticas negativas foram preditores positivos de problemas internalizantes e externalizantes, segundo mães e pais. As habilidades sociais infantis, a convivência com a mãe e as HSE-P paternas foram identificadas como relevantes fatores de proteção. Os dados ressaltaram o caráter multideterminado dos problemas de comportamento, sinalizaram semelhanças e diferenças entre práticas maternas e paternas e confirmaram a influência de ambas nos comportamentos desenvolvidos pelas crianças.
Palavras-chave: problemas de comportamento; práticas educativas; materno; paterno; predição.
ABSTRACT. Child behavior problems are multi-determined. However, there are still few studies that sought to simultaneously investigate the influence of the variables most reported in the literature on the emergence and maintenance of externalizing and internalizing problems. Still, there are few studies that have sought to differentiate the maternal and paternal perspectives in prediction studies. Such investigation is relevant given the high incidence of behavioral problems and their interference with child development and health. The objective of this study was to compare parental perceptions about their own behaviors and the behaviors of their daughters and sons and, after, identify predictors of internalizing and externalizing problems, according to both parents. 71 heterosexual couples participated, biological parents of children enrolled in kindergarten or elementary school. The CBCL, RE-HSE-P and QRSH instruments were answered. For data processing and analysis, Student's T tests for paired samples and Hierarchical Linear Regression were used. The results demonstrated that lower socioeconomic level and negative practices were positive predictors of internalizing and externalizing problems, according to mothers and fathers. Children's social skills, coexistence with the mother and paternal HSE-P were identified as relevant protective factors. The data highlighted the multi-determined nature of behavior problems, highlighted similarities and differences between maternal and paternal practices and confirmed the influence of both on the behaviors developed by children.
Keywords: behavior problems; educational practices; maternal; paternal; prediction.
Os problemas de comportamento estão entre os fatores de risco que mais impactam o curso do desenvolvimento infantil e são relatados frequentemente no ambiente familiar e escolar (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2023). Eles são conceituados como déficits ou excessos comportamentais que prejudicam a interação das crianças com pares ou adultos (COSTA; FLEITH, 2019). Achenbach e Rescorla (2001) os categorizaram em problemas externalizantes e internalizantes. Os primeiros são observados na interação da criança com as outras pessoas e impactam diretamente o indivíduo e seu grupo social. São exemplos, a agressividade, a hiperatividade e a quebra excessiva de regras. Já os internalizantes repercutem mais sobre o próprio indivíduo do que sobre o seu entorno, como a timidez, o isolamento social e a ansiedade (ACHENBACH; RESCORLA, 2001).
Estudos evidenciaram o caráter multideterminado dos problemas de comportamento, apontando a interferência do sexo da criança (AMEEN et al., 2019), da etapa escolar, das habilidades sociais (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2018), do nível socioeconômico (AMEEN et al., 2019) e das práticas educativas (RAJYAGURU et al., 2019). Nesse campo, investigações com crianças brasileiras da educação infantil ao fundamental têm apontado para altos índices de problemas de comportamento, independentemente da idade ou do sexo delas (CAMPOS et al., 2022; CRUZ et al., 2021).
Embora, historicamente, os meninos tenham sido identificados com mais problemas de comportamento do que as meninas (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2019), tem-se notado uma mudança neste cenário, sobretudo ao relacionar diversas variáveis. O estudo de Cruz et al. (2021), encontrou prevalência de 35,6% de problemas de comportamento numa amostra de 3750 crianças da educação infantil, onde constatou-se maior frequência de externalizantes em meninas e de internalizantes em meninos (CRUZ et al., 2021). Por outro lado, Campos et al. (2022), estudando crianças brasileiras do ensino fundamental, identificaram maior número de problemas internalizantes e externalizantes entre os meninos. Assim, as pesquisas sugerem que há variação na prevalência de problemas de comportamento a depender do sexo da criança, sobretudo ao se investigar a relação com diferentes variáveis, como as habilidades sociais, considerada um fator protetivo (FERNANDES et al., 2018).
Habilidades sociais são comportamentos valorizados por uma determinada cultura que possuem alta probabilidade de serem reforçados positivamente (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2017), constituindo-se respostas comportamentais concorrentes aos problemas de comportamento. Então, ampliar o repertório habilidoso aumenta a probabilidade de se conseguir reforçadores sociais relevantes, propiciando melhores interações e condições para o desenvolvimento (FERNANDES et al., 2018).
Diversas pesquisas demonstraram que as práticas educativas influenciam diretamente no comportamento das crianças (BACKES et al., 2018), sobretudo no que diz respeito à aquisição de habilidades sociais ou no surgimento de problemas de comportamento (MORALES et al., 2015; ROVARIS; BOLSONI-SILVA, 2020). Segundo Gomide (2006), as práticas educativas podem ser positivas ou negativas. Funcionalmente, práticas positivas são as que favorecem o desenvolvimento saudável da criança e promovem relações mais satisfatórias com os cuidadores, como oferecimento de afeto, estabelecimento de limites, acolhimento ou consistência. Já as práticas negativas contribuem para o surgimento dos problemas de comportamento e dificultam as interações interpessoais, são exemplos bater, xingar, gritar e inconsistência no estabelecimento de regras (GOMIDE, 2006).
Diferentes estudos atestam que mães e pais mais habilidosos conseguem ensinar tais repertórios às crianças por meio de modelos comportamentais e práticas menos aversivas e mais reforçadoras, contingentes aos comportamentos que pretendem reforçar (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2018; MONTOYA-CASTILLA et al., 2016). Ao contrário, mães e pais menos habilidosos tendem a oferecer modelos negativos, apresentarem baixa consistência, reforçarem comportamentos não desejados e usarem punição não contingente aos comportamentos que pretendem extinguir (ROVARIS; BOLSONI-SILVA, 2020).
Estudos de predição, como o de Stasiak et al., (2014) clarificam estas relações. As autoras investigaram 39 mães e 25 pais de crianças brasileiras por volta dos 5 anos de idade e encontraram que a punição corporal e as habilidades sociais infantis juntas explicaram 49% da variação dos problemas de comportamento externalizantes e internalizantes. Já as variáveis habilidades sociais e autoconceito das crianças explicaram 47% da variação dos externalizantes. Assim, pode-se observar uma associação entre práticas educativas, repertório comportamental e desenvolvimento infantil saudável.
Nesse contexto, Bueno e Vieira (2014) afirmaram que o número de estudos que investigaram a relação entre pais (homens) e filhos no Brasil ainda é muito baixa, se comparado às mães. Os autores defendem a inclusão dos pais nos estudos, dado o aumento da sua participação na vida familiar e os resultados que sugerem que a relação da mãe e do pai com a criança tende a ser diferente (BUENO; VIEIRA, 2014).
No estudo de Park et al. (2018) as práticas educativas severas e negligentes, quando emitidas pelo pai, associaram-se fortemente aos problemas de comportamento em pré-adolescentes. Por outro lado, atribuir aos filhos o mérito por seus comportamentos foi relacionado às práticas positivas e, no caso do pai, também estava relacionado a uma parentalidade menos negligente ou severa (PARK et al., 2018).
Por outro lado, o estudo de predição de Gryczkowski et al. (2018) com crianças e adolescentes de seis a 18 anos encontrou poucas diferenças entre as práticas de mães e de pais, mas, constataram que o sexo da criança foi uma variável moderadora das práticas positivas e da punição corporal aplicadas pelo pai. As altas taxas de práticas positivas e baixas de punição corporal foram preditoras de comportamento pró social entre as meninas. A idade também foi um fator moderador do envolvimento paterno, sendo associada ao aumento do comportamento pró social entre as crianças de seis a 12 anos.
Assim, os resultados dos estudos que buscaram diferenciar as práticas maternas das paternas não são consensuais, justificando novas investigações. Além disso, os achados sugerem que a relação entre os comportamentos e práticas parentais também depende da idade, do sexo e da presença ou não de problemas de comportamento infantis a níveis clínicos.
Sobre este assunto, Rovaris e Bolsoni-Silva (2020), num estudo de predição com mães, encontraram, no educação infantil, que habilidades sociais infantis e queixas de problemas de comportamento explicavam 17% da variação dos problemas comportamentais; etapa escolar e ser do sexo masculino explicou 16% destes problemas. No ensino fundamental, as práticas positivas e negativas explicaram 12% dos problemas de comportamento e ser do sexo masculino, apenas 6%.
Ainda sobre os fatores de risco, a literatura aponta que o nível socioeconômico mais baixo está associado ao aumento da probabilidade do surgimento dos problemas de comportamento (LANSFORD et al., 2019). Pessoas menos favorecidas economicamente não têm direitos básicos garantidos e tendem a ser mais expostas à violência. Estes fatores são associados a doença mental, estresse, dificuldades interpessoais e menor oportunidade de exposição a ambientes que auxiliem no desenvolvimento de um repertório habilidoso mais complexo, aumentando a probabilidade da emissão das práticas negativas (LANSFORD et al., 2019).
Os resultados apresentados demonstraram a existência de uma complexa rede de relações que interferem no surgimento e na manutenção dos problemas de comportamento. Contudo, apesar de se saber sobre os fatores de risco para tais problemas, existem ainda poucas evidências sobre a influência das diferentes variáveis atuando simultaneamente (NORDAHL et al., 2010).
Assim, são escassos os estudos que buscaram investigar a variação dos problemas internalizantes e externalizantes através modelos compostos, ao mesmo tempo, pelo nível socioeconômico, sexo e idade da criança, repertório comportamental infantil e práticas educativas maternas e paternas. Este estudo pretende contribuir para a melhor compreensão das variáveis que interferem no surgimento e manutenção dos problemas de comportamento e colaborar para a elaboração de intervenções que possam auxiliar no cuidado e prevenção desses problemas. Este estudo possui dois objetivos complementares: comparar o relato de mães e pais sobre suas práticas educativas e suas percepções acerca dos comportamentos das crianças com e sem problemas de comportamento clínico e identificar preditores dos problemas de comportamento internalizantes e externalizantes segundo ambos os grupos de informantes.
Participantes
Participaram deste estudo 71 casais brasileiros heterossexuais que viviam juntos no momento da coleta de dados. Ambos genitores avaliaram a mesma criança com idade entre os 2.5 e 10 anos, totalizando 142 avaliações. Sobre as crianças, 45% (n=32) foram meninas (idade média = 5.37 anos, DP=1.91) e 55% (n=39) meninos (idade média = 5.34 anos, DP=1.76). Havia 57% (n=41) no educação infantil e 42% (n=30) no fundamental.
Quanto ao estado civil dos genitores, 80% (n=57) eram casados e 20% (n=14) viviam em união estável. O nível socioeconômico (NSE) foi medido por meio da quantidade de salários mínimos relatados pela família referente aos valores do ano de 2018, no Brasil. A maioria recebia três salários mínimos (40.84%, n=29), seguido de dois salários (21.12%, n=15) e de quatro salários (15.49%, n=11). A mesma quantidade de famílias recebia menos de um ou até cinco salários mínimos (8.45%, n=6) e a menor quantidade de famílias (5.63%, n=4) ganhavam acima de seis salários mínimos. As mães tinham uma idade média de 32.39 anos (DP=5.41) e 66.19% (n=47) estavam no mercado de trabalho. A idade média dos pais foi de 36.26 anos (DP=5.86) e 87.32% (n=62) estavam empregados.
Instrumentos
Child Behavior Checklist - CBCL (Achenbach & Rescorla, 2001).
O instrumento possui uma versão para a educação infantil e outra para o fundamental (1,5 a 5 anos e 6 a 18 anos). Ele investiga a frequência de 113 a 118 respostas indicativas de problemas de comportamento e relacionadas à vida escolar, social e familiar de crianças e adolescentes. Os problemas de comportamento são avaliados segundo a Escala de Internalização, Externalização e Total de Problemas Emocionais/Comportamentais e são classificados como clínicos, limítrofes e não clínicos. A consistência interna para os problemas de comportamento foi de .90 para o CBCL na validação para população brasileira (Bordin, et al., 2013). Quanto à análise de confiabilidade com os dados do presente estudo, obteve-se um Alpha de Cronbach de .81.
Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas Parentais - RE-HSE-P (Bolsoni-Silva et al., 2016).
O roteiro avalia funcionalmente e em termos de frequência comportamentos de cuidadores, crianças ou adolescentes e variáveis contextuais. Para isso, o instrumento utiliza 13 perguntas abertas e cinco fechadas a respeito de quais comportamentos e a frequência com que eles surgem nas relações familiares.
Investiga-se seis categorias comportamentais distintas: Habilidades Sociais Educativas Parentais – HSE-P, que foram associadas positivamente à categorias de Práticas Positivas de Gomide (2006), HSE-P-conjugal, específicas da interação conjugal, Habilidades Sociais Infantis, Práticas Educativas Negativas, Queixas de Problemas de Comportamento e 6 Variáveis Contextuais contingentes aos comportamentos parentais.
O instrumento possui aprovação do Conselho Federal de Psicologia (Brasil). Considera-se o instrumento um bom avaliador de HSE-P (curva Ad Roc .769), Habilidades Sociais Infantis (curva Ad Roc .734), Prática Negativas (curva Ad Roc .744) e Problemas de Comportamento Infantil (curva Ad Roc .829). Quanto à confiabilidade, ele apresentou um alpha de .846 no estudo de validação. No que se refere aos dados coletados com a população do presente estudo, a consistência interna foi de .81.
Questionário de Respostas Socialmente Habilidosas (versão para pais) – QRSH-PAIS (Bolsoni-Silva et al., 2011).
Trata-se de um instrumento de avaliação das habilidades sociais de crianças entre quatro e 10 anos por meio do relato de seus cuidadores. Ele é composto por 18 questões mensuradas através de uma escala de três pontos. O QRSH-Pais indicou consistência interna satisfatória (alfa .82) e validade preditiva e discriminante. Quanto aos dados do presente estudo coletados com o QRSH, obteve-se consistência interna de .77.
Coleta de Dados
Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e das Secretarias e Diretorias de Educação Municipais (CAAE: 34642314.4.0000.5398), entrou-se em contato com as escolas para a apresentação do projeto de pesquisa e para se acessar famílias interessadas em participar. Os dados foram coletados em duas cidades do interior de São Paulo de médio-grande porte, durante os anos de 2018 e 2019, por meio de sete escolas públicas de educação infantil e quatro de fundamental, além de uma escola particular.
No que tange ao perfil dos participantes, optou-se por casais heterossexuais, pais biológicos das crianças, e que viviam juntos no momento da pesquisa. Estes critérios foram adotados por algumas razões: na pesquisa piloto notou-se uma dificuldade de adesão dos homens que não viviam com as mães das suas filhas/filhos, portanto, compreendeu-se que a escolha de famílias cujas mães e pais viviam juntos poderia aumentar a adesão dos homens. Além disso, a inclusão de famílias de diferentes modelos (monoparental, homoafetiva, adotiva etc) implica na existência de mais variáveis a serem controladas, portanto, na tentativa de melhorar o controle das variáveis, optou-se por um modelo familiar específico.
Quanto aos passos para a coleta de dados, as famílias foram convidadas a participarem rodas de conversas nas escolas sobre dúvidas na educação infantil. As pessoas com o perfil esperado e interessadas em participar foram contatadas e agendou-se as entrevistas que aconteceram nos lares de cada uma delas, ocasião onde foram entregues os termos de consentimento livre e esclarecido aos adultos e os de assentimento às crianças. As entrevistas com mães e pais ocorreram separadamente. Ao final, devolutivas da pesquisa foram dadas às escolas e às famílias, além da entrega de materiais informativos, encaminhamentos para atendimentos psicoterápicos e realização de novos encontros com as famílias nas escolas para se conversar sobre práticas educativas e desenvolvimento infantil (abertos à toda comunidade escolar). Os participantes também tiveram acesso ao contato telefônico e ao e-mail da pesquisadora responsável.
Análise de Dados
O presente estudo trata-se de uma investigação de caracterização populacional, quantitativa. Os testes foram corrigidos segundo instruções próprias e seus dados foram tabulados, tendo em vista as HSE-P maternas e paternas, as variáveis de contexto, as práticas educativas negativas e as queixas de problemas de comportamento (pelo RE-HSE-P), as habilidades sociais infantis (pelo RE-HSE-P e QRSH) e os problemas de comportamento internalizante, externalizante (CBCL). Em seguida, foi realizada a testagem da normalidade dos dados considerando o valor da simetria (≤7) e da curtose (≤3) para a amostra total e para o recorte utilizado no teste de comparação. Para ambas amostras, os critérios de normalidade foram atingidos. No teste t de Student o tamanho do efeito considerado foi: .20 – pequeno; .50 – médio; .80 grande (Cohen, 1988). Em todos os testes, considerou-se significativos valores com p ≤ .05.
Nas análises de comparação entre mães e pais, utilizou-se o teste t de Student para amostras emparelhadas. Realizou-se um recorte da amostra total para se conseguir duas subamostras a partir dos dados do CBCL. A primeira referiu-se às crianças cujas avaliações de mães e de pais foram convergentes para problemas de comportamento externalizantes e internalizantes (escore acima de 63 no CBCL). Foram selecionadas 14 crianças: três meninas e três meninos eram da educação infantil e duas meninas e seis meninos do ensino fundamental. A segunda subamostra correspondeu às crianças sem problemas de comportamento (escore abaixo de 63 do CBCL), segundo ambos genitores. Este grupo também foi composto por 14 crianças, sendo quatro meninas e oito meninos da educação infantil e uma menina e um menino do ensino fundamental. Então, 28 crianças participaram das análises de comparação.
Ainda que a amostra utilizada para as comparações fosse composta por apenas 28 participantes, optou-se por utilizar o teste t de Student já que os resultados de simetria e curtose estavam dentro do valor esperado para o uso de um teste paramétrico. Assim, foram comparadas as HSE-P, habilidade sociais infantis, as variáveis de contexto, as práticas negativas e as queixas de problemas de comportamento referidas pelas mães e pelos pais da subamostra com problemas e, em seguida, sem problemas de comportamento.
Para as análises preditivas realizou-se a regressão linear hierárquica com a amostra total (142). Anterior a realização do teste, verificou-se a linearidade da relação, a distribuição normal entre as variáveis e a ausência multicolinearidade (MARÔCO, 2018). Foi analisado o VIF (Variance Inflation Factor), considerando aceitáveis valores abaixo de cinco e Tolerância com valores acima de .10 (MARÔCO, 2018). Analisou-se também a independência de erros através do teste de Durbin-Watson, tendo como aceitáveis valores entre 1.8 e 2.2. (MARÔCO, 2018).
Procurou-se testar quatro modelos, tendo como variável dependente os problemas de comportamento internalizantes e externalizantes avaliados pelo CBCL. Desse modo, o primeiro modelo correspondeu à predição dos problemas internalizantes a partir das variáveis coletadas no relato materno e o segundo no relato paterno. Da mesma forma, analisaram-se os problemas externalizantes, a partir da perspectiva materna e paterna. Assim, cada um dos modelos foi composto por três blocos de variáveis, denominados: variáveis demográficas, repertórios infantis e práticas parentais.
Quanto ao primeiro bloco, referente às variáveis demográficas, foram incluídas a etapa escolar, sexo da criança e NSE. No segundo bloco, foram incluídas as habilidades sociais infantis, segundo os escores do RE-HSE-P e do QRSH para clínico e não clínico, bem como as queixas de problemas de comportamento (RE-HSE-P). E no terceiro bloco foram alocadas as HSE-P, as variáveis de contexto e as práticas educativas negativas.
Tabela 1: Análises de Comparação entre percepções de mães e de pais de crianças com problemas de comportamento a nível clínico (Internalizantes e Externalizantes).
|
Categorias gerais do RE-HSE-P |
Mãe |
Pai |
t (28) |
p |
d de Cohen |
|
M DP M DP |
|
|
|
||
|
HSE-P |
16.5 4.863 |
15.785 5.989 |
.543 |
.596 |
.131 |
|
Habilidades Sociais Infantis |
20.785 6.670 |
18.571 4.734 |
1.346 |
.201 |
.388 |
Continua Tabela 1.
|
Categorias gerais do RE-HSE-P |
Mãe |
Pai |
t (28) |
p |
d de Cohen |
|
M DP M DP |
|
|
|
||
|
Habilidades Sociais Infantis (QRSH) |
28.928 4.066 |
29.214 4.317 |
-.314 |
.759 |
.068 |
|
Variáveis de Contexto |
13.357 6.524 |
11.5 3.502 |
1.158 |
.268 |
.370 |
|
Práticas Negativas |
11.357 6.743 |
9.714 4.794 |
1.088 |
.296 |
.284 |
|
Queixas de Problemas de Comportamento |
8.142 5.036 |
6.713 3.291 |
.946 |
.362 |
.343 |
Nota: N = 28. * p ≤ .05.
Na subamostra das crianças com problemas de comportamento, não houve diferença entre as percepções maternas e paternas. Este resultado não corrobora com os de Park et al. (2018) e Gryczkowski et al. (2018) que identificaram disparidade entre os comportamentos maternos e paternos; métodos diferentes explicam os resultados divergentes entre os estudos.
Como neste estudo foram selecionadas as crianças com altos escores de problemas comportamentais, é possível que mães e pais utilizassem frequentemente práticas educativas que aumentavam as chances de os problemas permanecerem. Também pode-se supor uma percepção mais negativa dos comportamentos destas crianças pelos pais. Dessa maneira, diferenças estatísticas não seriam encontradas devido a semelhança entre as práticas relatadas por ambos. Esta hipótese é respaldada pela literatura, já que práticas negativas aumentam as chances dos problemas de comportamento e diminuem a aprendizagem de habilidades sociais (ASSIS-FERNANDES; BOLSONI-SILVA, 2020).
Tabela 2: Análises de Comparação entre as percepções de mães e de pais de crianças sem problemas de comportamento a nível clínico.
|
Categorias gerais do RE-HSE-P |
Mãe |
Pai |
t (28) |
P |
d de Cohen |
|
|
M DP M DP |
|
|
|
|||
|
HSE-P |
16.214 4.299 |
17.928 6.366 |
-.869 |
.401 |
-.321 |
|
|
Habilidades Sociais infantis |
19.571 6.272 |
16.357 6.058 |
3.513 |
.004* |
.521 |
|
Continua Tabela 2
|
Categorias gerais do RE-HSE-P |
Mãe |
Pai |
t (28) |
P |
d de Cohen |
|
|
M DP M DP |
|
|
|
|||
|
Habilidades Sociais infantis (QRSH) |
33.500 1.911 |
33.000 2.353 |
.979 |
.346 |
.234 |
|
|
Variáveis de Contexto |
13.500 5.585 |
9.500 3.458 |
2.555 |
.024* |
.884 |
|
|
Práticas Negativas |
7.071 5.441 |
5.642 4.845 |
.787 |
.445 |
.277 |
|
|
Queixas de Problemas de Comportamento |
4.428 3.056 |
4.357 2.871 |
.078 |
.939 |
.024 |
|
Nota: N = 28. * p ≤ .05; ** p ≤ .01.
Fonte: Próprio autor
Segundo os dados da Tabela 2, as variáveis que diferenciaram mães e pais foram as habilidades sociais infantis (segundo o RE-HSE-P) e as variáveis de contexto, com média maior para as mães em ambos casos. Estudos demonstraram que crianças mais habilidosas tendem a apresentar menos problemas de comportamento e o ambiente pode favorecer ou não o desenvolvimento de tais repertórios (ASSIS-FERNANDES; BOLSONI-SILVA, 2020).
Nessa direção, a significância estatística das variáveis de contexto sugere que as mães convivem em uma maior diversidade de ambientes com as crianças, falam sobre diferentes assuntos e procuram intervir no comportamento delas em uma maior variedade de situações, se comparadas aos pais. Pode-se observar que a relação com a mãe é um fator protetivo aos problemas de comportamento, favorável ao desenvolvimento de habilidades sociais.
Portanto, no recorte amostral, as variáveis dependentes analisadas no grupo com problemas de comportamento clínico não foram diferenciadas. Ao contrário, no recorte sem problemas, variáveis de contexto e habilidades sociais infantis foram mais frequentes entre as mães, corroborando estudos que apontaram para diferenças entre mães e pais no que se refere à educação das crianças (BACKES et al., 2018). Tais resultados, associados aos achados da literatura, foram as bases para os modelos utilizados nas análises de predição com a amostra total.
Tabela 3: Análises de regressão linear hierárquica para examinar preditores para os problemas de comportamento internalizantes de crianças avaliadas por suas mães (n 71).
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Preditores de Problemas de Comportamento Internalizantes (mães) |
Β |
(SE) |
95% IC |
p |
R² |
ΔR² |
|||||||
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|
LI |
LS |
|
|
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|||||||
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Bloco 1 |
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|
|
|
|
|
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||||||
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Variáveis Demográficas |
Etapa escolar |
-.123 |
2.100 |
-6.543 |
1.855 |
.269 |
|
|
|||||
|
Sexo |
-.132 |
2.075 |
-6.651 |
1.647 |
.233 |
|
|
||||||
|
NSE |
-.312 |
.001 |
-.004 |
-.001 |
.008 |
|
|
||||||
|
F (2.554) |
|
|
|
|
|
|
.62/6% |
.103 |
|||||
|
Bloco 2 |
|
|
|
|
|
|
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||||||
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Comportamentos Infantis |
Habilidades sociais (QRSH) |
-.376 |
.230 |
. -1.193 |
-.274 |
.002** |
|
|
|||||
|
Habilidades sociais (RE-HSE-P) |
-.002 |
.191 |
-.386 |
.376 |
.986 |
|
|
||||||
|
Queixas de Problemas de Comportamento |
.168 |
.296 |
-.173 |
1.012 |
.162** |
|
|
||||||
|
F (4.297) |
|
|
|
|
|
|
.220/22% |
.185 |
|||||
|
Bloco 3 |
|
|
|
|
|
|
|
||||||
|
Práticas Educativas Maternas |
HSE-P |
.108 |
.291 |
-.361 |
.801 |
.452 |
|
|
|||||
|
Variáveis contexto |
.186 |
.257 |
-.179 |
.847 |
.198 |
|
|
||||||
|
Práticas Negativas |
.027 |
.216 |
-.386 |
.477 |
.834 |
|
|
||||||
|
F (3.337) |
|
|
|
|
|
|
.231/23% |
.043 |
|||||
|
Durbin Watson |
1.807 |
||||||||||||
Nota: N = 71; NSE=nível socioeconômico; B = Coeficiente de regressão não padronizado; (SE) = Erro Padrão; β = Coeficiente de regressão padronizado; R² = Coeficiente de associação entre as variáveis preditoras e preditas; ΔR² = Coeficiente que indica a alteração do R² pela introdução de um novo bloco de variáveis. * p ≤ .05; ** p ≤.01.
Fonte: Próprio autor
No bloco 1 da Tabela 3, referente às variáveis demográficas, apenas o NSE apresentou significância estatística, ainda que o valor explicativo do bloco tenha sido baixo, de 6% com F (2.554, p = .063).
O bloco 2, com F (4.297, p = .001), teve um poder explicativo na ordem de 16% e, de forma cumulativa ao bloco 1, explica 22% da variação dos problemas internalizantes na perspectiva materna. A única variável com valor significativo foram as habilidades sociais (QRSH). O bloco 3 não foi estatisticamente significativo, assim como nenhuma das variáveis que o compõem.
Desse modo, por ordem de importância, as variáveis que se mantiveram no modelo foram habilidades sociais (QRSH) e NSE. Ambas foram inversamente proporcionais aos problemas internalizantes, ou seja, déficits habilidosos e níveis socioeconômicos mais baixos tendem a aumentar problemas de internalização.
Tabela 4: Análises de regressão linear por blocos para examinar preditores para os problemas de comportamento internalizantes de crianças avaliadas por seus pais (n71).
|
Preditores de Problemas de Comportamento Internalizantes (pais) |
Β |
(SE) |
95% IC |
P |
R² |
ΔR² |
||
|
|
|
LI |
LS |
|
|
|
||
|
Bloco 1 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Variáveis Demográficas |
Etapa escolar |
-.036 |
2.139 |
-4.976 |
3.577 |
.745 |
|
|
|
Sexo |
-.015 |
2.155 |
-4.602 |
4.017 |
.892 |
|
|
|
|
NSE |
-.175 |
.001 |
-.003 |
.000 |
.130 |
|
|
|
|
F (1.357) |
|
|
|
|
|
|
.015/.15% |
.057 |
|
Bloco 2 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Comportamentos Infantis |
Habilidades sociais (QRSH) |
-.269 |
.312 |
-1.364 |
-.117 |
.021* |
|
|
|
Habilidades sociais (RE-HSE-P) |
.268 |
.243 |
-.009 |
.964 |
.054 |
|
|
|
|
Queixas de Problemas de Comportamento |
-.039 |
.345 |
-.798 |
.580 |
.753 |
|
|
|
|
F (2.271) |
|
|
|
|
|
|
.098/10% |
.118 |
Continua Tabela 4
|
Preditores de Problemas de Comportamento Internalizantes (pais) |
Β |
(SE) |
95% IC |
P |
R² |
ΔR² |
||
|
|
|
LI |
LS |
|
|
|
||
|
Bloco 3 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Práticas Educativas paternas |
HSE-P |
-.375 |
.254 |
-1.197 |
-.182 |
.009** |
|
|
|
Variáveis contexto |
.272 |
.365 |
.014 |
1.476 |
.046* |
|
|
|
|
Práticas Negativas |
.168 |
.239 |
-.159 |
.797 |
.187 |
|
|
|
|
F (2.902) |
|
|
|
|
|
|
.196/19% |
.124 |
|
Durbin Watson |
1.87 |
|||||||
Nota: N = 71; NSE= nível socioeconômico; B = Coeficiente de regressão não padronizado; (SE) = Erro Padrão; β = Coeficiente de regressão padronizado; R² = Coeficiente de associação entre as variáveis preditoras e preditas; ΔR² = Coeficiente que indica a alteração do R² pela introdução de um novo bloco de variáveis. * p ≤ .05; ** p ≤ .01.
Fonte: Próprio autor
As análises de regressão da Tabela 4 referem-se às variáveis preditoras dos problemas de comportamento internalizantes na perspectiva paterna. Nenhuma variável do bloco 1, referente às variáveis sociodemográficas, demonstrou significância estatística. O bloco 2 foi estatisticamente significativo F (2.271, p = .048) e apresentou um poder de predição em torno de 10%. A variável que se manteve no modelo foram as habilidades sociais segundo o QRSH, demonstrando que o déficit habilidoso é um preditor de internalizantes, segundo os pais.
Isoladamente, o bloco 3 predisse 9% dos problemas de comportamento internalizantes, apresentando valor significativo F (2.902, p = .006). As variáveis com valor preditivo foram as HSE-P e as variáveis de contexto. Nesse sentido, um reduzido repertório habilidoso paterno está associado aos problemas de internalização. Por outro lado, a convivência com o pai em diferentes contextos também foi identificada como preditor para tais problemas.
De forma cumulativa, o valor preditivo do modelo foi de 19%. Por ordem de relevância, as variáveis que o compuseram foram as HSE-P, as variáveis de contexto e as habilidades sociais infantis (QRSH).
Tabela 5: Análises de regressão linear por blocos para examinar preditores para os problemas de comportamento externalizantes de crianças avaliadas por suas mães (n71).
|
Preditores de Problemas de Comportamento Externalizantes (mães) |
Β |
(SE) |
95% IC |
p |
R² |
ΔR² |
||||
|
|
|
LI |
LS |
|
|
|
||||
|
Bloco 1 |
|
|
|
|
|
|
|
|||
|
Variáveis Demográficas |
Etapa escolar |
-.326 |
1.988 |
-10.900 |
-3.038 |
.001** |
|
|
||
|
Sexo |
-.001 |
1.965 |
-3.944 |
3.944 |
.994 |
|
|
|||
|
NSE |
-.294 |
.001 |
-0.004 |
-0.001 |
.003** |
|
|
|||
|
F (5.891) |
|
|
|
|
|
|
.173/17% |
.209 |
||
|
Bloco 2 |
|
|
|
|
|
|
|
|||
|
Comportamentos Infantis |
Habilidades sociais (QRSH) |
-.193 |
.218 |
-.861 |
.010 |
.055 |
|
|
||
|
Habilidades sociais (RE-HSE-P) |
-.006 |
.181 |
-.372 |
.352 |
.995 |
|
|
|||
|
Queixas de Problemas de Comportamento |
.263 |
.281 |
.181 |
1.303 |
.010* |
|
|
|||
|
F (8.351) |
|
|
|
|
|
|
.387/39% |
.230 |
||
|
Bloco 3 |
|
|
|
|
|
|
|
|||
|
Práticas Educativas Maternas |
HSE-P |
-.049 |
.275 |
-.664 |
.437 |
.682 |
|
|
||
|
Variáveis contexto |
.093 |
.243 |
-.297 |
.674 |
.441 |
|
|
|||
|
Práticas Negativas |
.205 |
.321 |
.204 |
1.022 |
.004** |
|
|
|||
|
F (7.551) |
|
|
|
|
|
|
.457/46% |
.088 |
||
|
Durbin Watson |
2.095 |
|||||||||
Nota: N = 71; NSE= nível socioeconômico B = Coeficiente de regressão não padronizado; (SE) = Erro Padrão; β = Coeficiente de regressão padronizado; R² = Coeficiente de associação entre as variáveis preditoras e preditas; ΔR² = Coeficiente que indica a alteração do R² pela introdução de um novo bloco de variáveis. * p ≤ .05; ** p ≤ .01.
Fonte: Próprio autor
Pode-se observar na Tabela 5 que o primeiro bloco, referente às variáveis sociodemográficas, é significativo F (5.891, p = .001) e predisse 17% de problemas de comportamento da amostra. A etapa escolar e o NSE foram preditores significativos e negativos. Desse modo, pertencer à educação infantil e obter menor renda (em salários mínimos) são preditores de problemas externalizantes segundo as avaliações maternas.
O segundo bloco diz respeito aos comportamentos infantis e possui também capacidade preditiva da variável dependente F (8.351, p < .001). Ele predisse em torno de 22% dos problemas externalizantes e, somado ao bloco 1, possui capacidade preditora acumulada de 39%. Neste bloco, as variáveis com valores preditivos foram queixas de problemas de comportamento (RE-HSE-P) e as habilidades sociais infantis (QRSH), que foi um preditor negativo. Assim, escores mais baixos de habilidades sociais predizem os problemas externalizantes, bem como a identificação pelas mães destes problemas.
No terceiro bloco, F (7.551, p < .001) observa-se que as práticas educativas maternas isoladamente explicaram 7% dos problemas externalizantes. Neste, a única variável com valor preditivo positivo foram as práticas negativas, ou seja, à medida que se utilizam mais práticas negativas, aumentam-se as chances dos problemas de comportamento.
Portanto, o modelo final explicou 46% da variância dos problemas de comportamento externalizantes. Por ordem de importância, as variáveis preditoras que se mantiveram no modelo foram a etapa escolar (educação infantil), as práticas negativas maternas, o NSE, as queixas de problemas de comportamento e as habilidades sociais infantis (QRHS).
Tabela 6: Análises de regressão linear por blocos para examinar preditores para os problemas de comportamento externalizantes de crianças avaliadas por seus pais (n71)
|
Preditores de Problemas de Comportamento Externalizantes (pais) |
Β |
(SE) |
95% IC |
P |
R² |
ΔR² |
|||
|
|
|
LI |
LS |
|
|
|
|||
|
Bloco 1 |
|
|
|
|
|
|
|
||
|
Variáveis Demográficas |
Etapa escolar |
-.164 |
1.947 |
-7.328 |
.566 |
.092 |
|
|
|
|
Sexo |
.125 |
1.989 |
-1.416 |
6.539 |
.203 |
|
|
||
|
NSE |
-.248 |
.001 |
-.004 |
.000 |
.017* |
|
|
||
|
F (4.403) |
|
|
|
|
|
|
.127/13% |
.165 |
|
Continua Tabela 6
|
Preditores de Problemas de Comportamento Externalizantes (pais) |
Β |
(SE) |
95% IC |
P |
R² |
ΔR² |
||
|
|
|
LI |
LS |
|
|
|
||
|
Bloco 2 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Comportamentos Infantis |
Habilidades sociais (QRSH) |
-.223 |
.288 |
-1.248 |
-.097 |
.023* |
|
|
|
Habilidades sociais (RE-HSE-P) |
.083 |
.225 |
-.293 |
.605 |
.491 |
|
|
|
|
Queixas de Problemas de Comportamento |
.154 |
.318 |
-.185 |
1.086 |
.162 |
|
|
|
|
F (5.078) |
|
|
|
|
|
|
.259/26% |
.158 |
|
Bloco 3 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Práticas Educativas Paternas |
HSE-P |
-.285 |
.234 |
-1.018 |
-.082 |
.022* |
|
|
|
Variáveis contexto |
.239 |
.337 |
.011 |
1.36 |
.046* |
|
|
|
|
Práticas Negativas |
.295 |
.221 |
.148 |
1.03 |
. .010** |
|
|
|
|
F (5.750) |
|
|
|
|
|
|
.379/38% |
.136 |
|
Durbin Watson |
1.736 |
|||||||
Nota: N = 71; NSE= nível socioeconômico; B = Coeficiente de regressão não padronizado; (SE) = Erro Padrão; β = Coeficiente de regressão padronizado; R² = Coeficiente de associação entre as variáveis preditoras e preditas; ΔR² = Coeficiente que indica a alteração do R² pela introdução de um novo bloco de variáveis. * p ≤ .05; ** p ≤ .01.
Fonte: O próprio autor.
Na Tabela 6 estão os resultados da regressão para os problemas de comportamento externalizantes, segundo os pais (homens). No bloco 1 estão as variáveis demográficas que apresentaram valor significativo de F (4.403, p = .007) e predizem em torno de 13% dos problemas externalizantes, sendo que a única variável com valor preditivo foi o NSE. Portanto, quanto menor a renda familiar, maiores as chances de as crianças apresentarem problemas externalizantes de acordo com os seus pais.
O bloco 2, composto pelos comportamentos infantis, também foi significativo, com F (5.078, p <.001). Ele explicou 13% da variação dos problemas externalizantes e, cumulativamente, obteve percentil preditivo de 26%. Apenas a variável habilidades sociais infantis (QRSH) apresentou significância preditiva negativa.
Por último, o bloco das práticas educativas explicou 12% dos problemas de comportamento externalizantes e também foi significativo F (5.750, p = .000). Todas as variáveis preditoras apresentaram significância estatística. Por ordem de importância, os preditores foram as práticas negativas, as HSE-P e as variáveis de contexto. Apenas as HSE-P demonstraram valor preditivo negativo. Dessa forma, um baixo repertório de HSE-P e o alto uso de práticas negativas predizem problemas de externalização. Por outro lado, o convívio em diferentes contextos com o pai também é um preditor destes mesmos problemas.
O modelo final explicou 38% dos problemas de comportamento externalizantes, segundo os pais. E as variáveis que compuseram o modelo, por ordem de relevância, foram as práticas negativas, as HSE-P, o NSE, as variáveis de contexto e as habilidades sociais infantis (QRSH).
Nas análises de regressão, optou-se por discutir os dados comparando as variáveis que foram significativas estatisticamente na predição de problemas internalizantes e externalizantes, contrapondo as perspectivas maternas e paternas.
Pode-se observar que a etapa escolar obteve valor significativo apenas na perspectiva materna ao tratar sobre os problemas externalizantes, desse modo, as crianças da educação infantil foram identificadas com mais problemas de externalização.
A literatura afirma que crianças até a primeira infância tendem a apresentar mais comportamentos impulsivos ou falta de autocontrole devido a fase do desenvolvimento (POSNER et al., 2007). Neste contexto, apesar do aumento da participação do pai na educação, as mães ainda são as maiores responsáveis pelos cuidados dos filhos, sobretudo nos primeiros anos de vida (CUNHA et al.,2021), o que colabora para o aumento da sobrecarga das mulheres nas tarefas domésticas, ainda que se identifique mais colaboração dos homens do que no passado (MOTA-SANTOS et at., 2021). Sobre os dados da presente pesquisa, os homens representaram a maior parcela da amostra empregada (87%), em oposição à porcentagem das mulheres (66%). Contudo, apesar dessa diferença, pontua-se que a maioria das mães da amostra trabalham fora dos lares apresentando alta probabilidade de estarem expostas à dupla jornada de trabalho.
Sobre o NSE foi relevante na perspectiva materna para os problemas de comportamento internalizantes e externalizantes e na paterna para os externalizantes, corroborando estudos como os de Bolsoni-Silva e Loureiro (2018) e Nunes et al. (2013). Uma renda familiar mais baixa é um importante fator de risco e afeta de diferentes formas a vida das pessoas aumentando o estresse, diminuindo a oportunidade de interações positivas em situações de lazer e de ter acesso a itens básicos ao bem-estar familiar e, potencialmente, também impacta sobre desenvolvimento de HSE-P, atrelada diretamente às práticas educativas positivas. Nesse sentido, além das práticas negativas, a criança também convive com outros fatores de risco ao seu desenvolvimento, aumentando as chances do aparecimento dos problemas de comportamento (CAN; GINSBURG-BLOCK, 2016).
Ao contrário do que se esperava, o sexo não foi uma variável preditora de nenhum dos problemas de comportamento, para quaisquer um dos genitores. Este dado concorda com achados em que o sexo da criança não foi a variável preponderante para diferenciar os comportamentos infantil (MONTOYA-CASTILLA et al., 2016; NUNES et al., 2013; ROVARIS; BOLSONI-SILVA, 2020). É possível que ser menina ou menino seja importante apenas quando associado a outras variáveis, não sendo, assim, um determinante por si só, resultado que merece ser melhor investigado em estudos futuros.
Quanto ao segundo bloco, as habilidades sociais (QRSH) foram contrárias aos problemas internalizantes e externalizantes segundo os pais e, apenas aos internalizantes, nas análises com as mães (ROVARIS; BOLSONI-SILVA, 2020). Crianças com problemas internalizantes costumam apresentar diversas dificuldades interpessoais que podem se manifestar de maneira menos perceptível (ACHENBACH; RESCORLA, 2001). Por outro lado, as crianças com problemas externalizantes tendem a demonstrar excessos comportamentais - como agressividade, dificuldades para seguir regras, falta de autocontrole/auto regulação - que, da mesma forma, são prejudiciais à qualidade das interações sociais (BOLSONI-SILVA et al., 2011). Ora, aprender habilidades sociais como, fazer pedidos, prestar ajuda, ser capaz de fazer amigos, expressar pensamentos e sentimentos, demonstrar carinho e frustração é um recurso para prevenção e intervenção diante dos problemas de comportamento (BOLSONI-SILVA et al., 2011).
As queixas de problemas comportamentais revelaram-se um preditor significativo apenas para problemas externalizantes entre as mães. Estes dados corroboram os de Pedrini e Frizzo (2010) que as apontaram como avaliadoras mais minuciosas dos comportamentos das crianças em comparação a outros cuidadores. Como discutido anteriormente, são as mães que costumam passar mais tempo com a criança, permitindo a elas maiores chances de interação e compreensão dos comportamentos dos filhos.
Quanto ao último bloco, as HSE-P apresentaram valor estatisticamente significativo e inversamente proporcional aos problemas internalizantes e externalizantes, porém, apenas nas análises envolvendo os pais (homens). Por um lado, este dado contradiz estudos que apontaram as habilidades sociais maternas como protetoras aos problemas de comportamento infantil (CURRAN et al., 2021). Por outro lado, vai ao encontro de pesquisas que ressaltaram a relevância de tais repertórios para os pais, como Nunes et al. (2013), que atestaram a importância do envolvimento paterno para o desenvolvimento infantil.
Uma hipótese para estes resultados se refere à função social de “abertura ao mundo” atribuída aos pais (PAQUETTE et al., 2020). É provável que junto a eles as crianças tenham mais oportunidade de desenvolver habilidades como autonomia fora do ambiente doméstico, ampliação das interações sociais por meio de jogos e brincadeiras e exploração do ambiente. Todas essas exposições tendem a contribuir para a aprendizagem de habilidades que são potencialmente importantes na prevenção ou superação dos problemas de comportamento (DOMITROVICH et al., 2017). Os resultados, portanto, não sugerem que as HSE-P maternas não sejam relevantes, mas enfatizam o poder protetivo de práticas paternas mais habilidosas e comprometidas com o desenvolvimento saudável das crianças, além de ressaltar a importância de se aumentar as investigações envolvendo os homens.
Diferente das HSE-P, na perspectiva paterna, as variáveis de contexto foram preditoras de problemas de comportamento. Deste modo, as HSE-P paternas diminuem os problemas externalizantes, mas interagir com o pai em diferentes contextos pode aumentar estes mesmos problemas.
Uma forma de compreender estes dados é considerar que os pais podem emitir respostas topograficamente habilidosas, mas, apresentarem dificuldades para serem sistematicamente habilidosos com as crianças em ambientes diversos (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2017). Assim, eles seriam capazes de apresentar práticas positivas diante das demandas das crianças, mas teriam dificuldades para emitir tais comportamentos em diferentes ocasiões de interação com elas. Por isso, pais que possuam não apenas HSE-P mas, também, maior capacidade de discriminação e avaliação das contingências ambientais, podem fazer uma grande diferença na prevenção dos problemas de comportamento.
Quanto às práticas negativas, elas não demonstraram valor significativo na predição de problemas internalizantes, nem para mães e nem para os pais, indo na contramão de outros estudos com a população brasileira (NUNES et al., 2013; ROVARIS; BOLSONI-SILVA, 2020). Uma explicação para esta diferença é a forma como as pesquisas mensuraram as práticas educativas negativas e os problemas de comportamento. Rovaris e Bolsoni-Silva (2020) não diferenciaram os problemas internalizantes dos externalizantes e Nunes et al. (2013) avaliaram aspectos específicos das práticas negativas, como rejeição parental.
Por outro lado, as práticas negativas foram preditores de externalização segundo as mães e os pais, corroborando estudos (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2018; ROVARIS; BOLSONI-SILVA, 2020). Nesse contexto, não é difícil constatar que mães e pais tendem a ser mais negativos com as crianças que apresentam problemas de externalização, já que a interferência de tais comportamentos no ambiente é muito intensa e exige dos cuidadores um repertório consistente de habilidades sociais e de autorregulação (ASSIS-FERNANDES; BOLSONI-SILVA, 2020; ROVARIS; BOLSONI-SILVA, 2020).
Sumarizando, o NSE mais baixo e as habilidades sociais infantis foram preditores de problemas internalizantes e externalizantes, segundo mães e pais. Por outro lado, as queixas de problemas de comportamento e a etapa escolar (na educação infantil) se mostraram preditores de externalização, apenas na perspectiva materna. Quanto às HSE-P, elas foram protetoras aos problemas internalizantes e externalizantes apenas nas análises envolvendo os pais, diferente das práticas negativas que aparecem como fator de risco aos externalizantes, segundo ambos genitores. Por fim, conviver com o pai em diferentes ambientes apareceu como um fator de risco aos problemas internalizantes e externalizantes, um dado que se mostrou inesperado.
De modo geral, para os problemas de comportamento internalizantes, os modelos de regressão materno e paterno explicaram uma porcentagem bastante parecida (19 e 20% respectivamente). O mesmo ocorreu na avaliação dos modelos das mães e dos pais para problemas externalizantes (41% e 38%, respectivamente).
Os dados do presente estudo apontaram para a relevância das práticas educativas de mães e de pais, o que reflete a necessidade de espaços para discussão e intervenção parental. Tais espaços parecem particularmente relevantes para as famílias com menos recursos econômicos e, provavelmente, mais expostas a fatores de risco. Estas ações são especialmente importantes pois, efeitos positivos destas intervenções tendem a repercutir não apenas junto às famílias, mas também contribui para as relações interpessoais da criança no ambiente escolar (GASPAROTTO et al., 2018). Ademais, é importante encontrar estratégias para se discutir e promover o papel do homem como educador, sua relevância nos cuidados com as crianças e os fatores de risco e de proteção aos problemas de comportamento.
CONCLUSÃO
Os dados encontrados reafirmaram a multideterminação dos problemas de comportamento infantil, sobretudo ao se considerar a categoria de internalizantes e externalizante, separadamente. Eles também demonstraram que as práticas negativas de ambos genitores são importantes preditores de problemas de comportamento infantil. Além disso, foi constatada diferenças quanto à influência das práticas educativas maternas e paternas nos problemas de comportamento, com ênfase na importância da diversidade de oportunidades de interação com a mãe e nas HSE-P paternas. Ainda, variáveis como o NSE e as habilidades sociais foram preditores relevantes em quase todos os grupos de variáveis dependentes.
Quanto às limitações da pesquisa, não foi possível realizar um emparelhamento entre as características das crianças presentes no recorte utilizado nas análises de comparação. Além disso, foi utilizada uma amostra relativamente pequena, o que não permite a generalização dos achados nas análises. Sugere-se que futuros estudos procurem desenvolver estratégias para aumentar o número de participantes em métodos transversais, e que cuidem, especialmente, da inclusão dos homens nas análises realizadas.
FOMENTO
Esta pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), mediante a concessão de bolsa de doutorado à primeira autora (Processo no 2016/01264-0).
REFERÊNCIAS
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ASSIS-FERNANDES, Rafaela Pires; BOLSONI-SILVA, Alessandra Turini. Educational social skills and repertoire of children differentiated by behavior and sex. Paidéia (Ribeirão Preto), v. 30, p. e3015, 2020. https://doi.org/10.1590/1982-4327e3015
BACKES, M. S. et al. A paternidade e fatores associados ao envolvimento paterno. Nova perspectiva sistêmica, v. 27, n. 61, p. 66-81, 2018. https://doi.org/10.38034/nps.v27i61.417
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BOLSONI-SILVA, A. T.; LOUREIRO, S. R.; MARTURANO, E. M. Roteiro de entrevista de habilidades sociais educativas parentais (RE-HSE-P). São Paulo: Hogrefe Cetepp, (Teste Psicológico), 2016.
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_______. Práticas parentais: conjugalidade, depressão materna, comportamento das crianças e variáveis demográficas. Psico-USF, v. 24, p. 69-83, 2019. https://doi.org/10.1590/1413-82712019240106
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Recebido em 01/07/2024
Publicado em 18/02/2025