Abordagens terapêuticas relacionadas ao jogo patológico: revisão integrativa da literatura
DOI:
https://doi.org/10.24933/e-usf.v9i1.480Palavras-chave:
Jogo patológico, Transtorno do jogo, Epidemiologia, Circuitos cerebrais, Critérios diagnósticos, TratamentoResumo
Introdução: O jogo patológico, ou transtorno do jogo, caracteriza-se por comportamentos persistentes e recorrentes que acarretam prejuízos significativos, incluindo perda de controle, preocupação constante com o ato de apostar e manutenção da prática apesar das consequências negativas. Segundo o DSM-5, o diagnóstico exige pelo menos quatro critérios em 12 meses. A prevalência global varia de 0,5% a 3% em adultos, sendo mais comum em homens jovens e em indivíduos com comorbidades psiquiátricas. Etiopatogenicamente, envolvem-se disfunções nos circuitos de recompensa (sistema dopaminérgico mesolímbico) e de controle executivo (córtex pré-frontal), com alterações em neurotransmissores como dopamina, serotonina e glutamato. Clinicamente, manifestam-se por tolerância crescente, sintomas de abstinência, tentativas fracassadas de controle e prejuízos sociais e financeiros. Objetivo: Realizar uma revisão integrativa das principais abordagens terapêuticas para o transtorno do jogo publicadas nos últimos cinco anos. Método: Foi conduzida busca na base PubMed com a estratégia “gambling” OR “games of chance” AND “treatment” no título, incluindo ensaios clínicos e estudos observacionais de 2020 a 2025, disponíveis em texto completo. Resultados: A busca pelas referências foi realizada no mês de junho de 2025, sendo identificados 8 artigos que responderam adequadamente à estratégia de busca previamente estabelecida. Após a leitura dos títulos e resumos dos trabalhos, um estudo foi excluído por discutir estratégias para redução do consumo de cocaína, e não o vício em jogo. Em seguida, os 7 estudos restantes foram incluídos para leitura na íntegra, pois atendiam aos critérios de elegibilidade definidos para a revisão. Conclusão: O transtorno do jogo requer intervenções que integrem domínios neurobiológico, cognitivo, emocional e social. Abordagens psicossociais emergem como mais promissoras frente aos fármacos testados. A personalização de protocolos, baseada em perfis neurocognitivos, e a incorporação de marcadores biológicos e psicossociais em futuros ensaios são essenciais para otimizar tratamentos individualizados.
Downloads
Referências
randomised controlled trial. Addictive Behaviors, v. 125, p. 107127, fev. 2022.
BERLIN, Heather A. et al. A double-blind, placebo-controlled trial of topiramate for pathological gambling. The World Journal of Biological Psychiatry: The Official Journal of the World Federation of Societies of Biological Psychiatry, v. 14, n. 2, p. 121–128, mar. 2013.
BUI, Van et al. Efficacy of a novel online integrated treatment for problem gambling and tobacco smoking: Results of a randomized controlled trial. Journal of Behavioral Addictions, v. 12, n. 1, p. 168–181, 30 mar. 2023.
CNN BRASIL. Brasileiros gastam cerca de R$ 30 bi em bets por mês, estima BC. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/brasileiros-gastam-cerca-de-r-30-bi-em-bets-por-mes-estima-bc/>. Acesso em: 24 jul. 2025.
DANNON, Pinhas N. et al. Topiramate versus fluvoxamine in the treatment of pathological gambling: a randomized, blind-rater comparison study. Clinical Neuropharmacology, v. 28, n. 1, p. 6–10, 2005.
G1. Vício em “bets” e jogos de aposta online afetam famílias, mercado de trabalho e economia. Disponível em: <https://g1.globo.com/mg/grande-minas/noticia/2025/04/05/vicio-em-bets-e-jogos-de-aposta-online-afetam-familias-mercado-de-trabalho-e-economia.ghtml>. Acesso em: 24 jul. 2025.
GRANT, Jon E. et al. Introduction to Behavioral Addictions. The American Journal of Drug and Alcohol Abuse, v. 36, n. 5, p. 233–241, 1 ago. 2010.
GRANT, Jon E.; DRIESSENS, Corine; CHAMBERLAIN, Samuel R. Silymarin (Milk Thistle) Treatment of Adults With Gambling Disorder: A Double-Blind, Placebo-Controlled Trial. Clinical Neuropharmacology, v. 47, n. 2, p. 54–58, 1 abr. 2024.
HUNEKE, Nathan T. M. et al. Diverse predictors of treatment response to active medication and placebo in gambling disorder. Journal of Psychiatric Research, v. 144, p. 96–101, dez. 2021.
MÅNSSON, Viktor et al. Emotion regulation-enhanced group treatment for gambling disorder: a non-randomized pilot trial. BMC psychiatry, v. 22, n. 1, p. 16, 6 jan. 2022.
OLIVEIRA, Maria Paula Magalhaes Tavares de et al. Transtorno de Jogo: contribuição da abordagem psicodinâmica no tratamento. Psicologia USP, v. 33, p. e210007, 2022.
PETRY, Nancy M. Pathological gambling: Etiology, comorbidity, and treatment. Washington, DC, US: American Psychological Association, 2005. p. x, 417
PETRY, Nancy M.; STINSON, Frederick S.; GRANT, Bridget F. Comorbidity of DSM-IV pathological gambling and other psychiatric disorders: results from the National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions. The Journal of Clinical Psychiatry, v. 66, n. 5, p. 564–574, maio 2005.
POTENZA, Marc N. The neurobiology of pathological gambling and drug addiction: an overview and new findings. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 363, n. 1507, p. 3181–3189, 12 out. 2008.
ROSEN, Laura April; WEINSTOCK, Jeremiah; PETER, Samuel Cody. A Randomized Clinical Trial Exploring Gambling Attitudes, Barriers to Treatment, and Efficacy of a Brief Motivational Intervention Among Ex-Offenders with Disordered Gambling. Journal of Forensic Sciences, v. 65, n. 5, p. 1646–1655, set. 2020.
TREMBLAY, Joël et al. Efficacy of a randomized controlled trial of integrative couple treatment for pathological gambling (ICT-PG): 10-month follow-up. Journal of Consulting and Clinical Psychology, v. 91, n. 4, p. 221–233, abr. 2023.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem ao periódico o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais, separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).



